Uns ensinam
que a maior parte do Apocalipse já se cumpriu; outros dizem que o Apocalipse
está se cumprindo hoje; e outros acreditam que as profecias do livro das
Revelações só serão realizadas futuramente. É possível que as três correntes de
pensamentos possam estar certas?
É do
conhecimento geral que a Bíblia é o livro mais publicado do mundo, um dos mais
lidos e o que possui o maior número de interpretações conflitantes. Isso
acontece especialmente no campo da profecia. Não vou citar aqui as centenas de
correntes de interpretações proféticas que tem aparecido ao longo da história
da Igreja Cristã, porque poderia nos provocar desânimo e dores de cabeça.
Quando vemos,
por exemplo, tantos livros sobre o Apocalipse, com tantas interpretações
diferentes, cada uma com defensores tenazes e grandes eruditos, geralmente
escolhemos o caminho mais fácil e cômodo: não dar atenção a nenhum desses
livros e esquecer a mensagem do Apocalipse.
Mas isso não
seria nem um pouco cristão. Se o Apocalipse faz parte da Bíblia e se
consideramos a Bíblia como a Palavra de Deus, será que Deus não teria nada a nos
falar por meio do famoso livro das revelações?
Se existem
tantas interpretações diferentes, como confiar em alguma delas? Cada autor
defende, com unhas e dentes, sua interpretação particular, e muitas vezes
“detona” as interpretações dos outros estudiosos. Se neste texto vou falar de
interpretações, e pretendo apontar a maneira correta de se fazer isso, por que
você deveria acreditar em mim? Não seria somente a minha interpretação?
Bem, num
Universo regido por leis e regras, tudo tem suas leis e regras, inclusive a
nossa vida. E por que não haveria leis e regras para se interpretar algum
texto? Claro que existem e se são verdadeiras então ninguém poderá
contestá-las.
A profecia
bíblica é muito interessante e cheia de particularidades. Principalmente porque
é a revelação de Deus e Este está além do tempo, além da simples divisão dos
tempos, tais como passado, presente e futuro. Para nós, simples mortais,
precisamos dividir o tempo a fim de entendermos alguma coisa neste mundo. Só
podemos ver o presente, lembrar o passado e conjecturar a respeito do futuro.
Mas a visão de
Deus está além do que possamos imaginar. Ele vê tudo numa só perspectiva (nada
de passado ou futuro, somente o presente). Somente Ele pode ver o inicio, o
meio e o fim de um filme, tudo ao mesmo tempo.
Quando as
Escrituras Sagradas afirmam que, para Ele, “UM DIA” é a mesma coisa que “MIL
ANOS” e vice-versa (2 Pedro 3.8; Salmo 90.4), certamente está apontando para o
fato que mencionamos acima. Em outras palavras: se nós só conseguimos enxergar
um dia por vez, Ele enxerga tudo de um só golpe.
OLHANDO
PARA O FUTURO COMO SE FOSSE PASSADO – UMA ESTRANHA REALIDADE
De acordo com Isaias
46.10, Deus conhece o fim desde o princípio. Em outras palavras: para Ele, o
começo e o fim é uma coisa só. Algumas profecias foram escritas como já
tivessem acontecido, como se Deus visse o futuro olhando para o passado. Em
Isaias 53, falando sobre o sacrifício de Jesus no Gólgota, o profeta usa várias
expressões no passado – embora estivesse falando de coisas que iriam acontecer
700 anos depois.
“Verdadeiramente ele tomou
sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o
reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido
por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas
iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como
ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair
sobre ele a iniqüidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido, mas
não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha
que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca.”
Os estudiosos podem
dizer que isso é uma forma peculiar da língua hebraica (falar do futuro usando
os verbos no passado), mas essa linguagem diz muito sobre a visão de Deus.
DO FIM PARA O PRINCIPIO
A linguagem do profeta
Isaías nos leva a pensar que ele está recitando as palavras de alguém que está
num futuro além da Morte e Ressurreição de Jesus. Digamos alguém vivendo nos
dias atuais, 2013. Hoje podemos olhar para o passado e dizer: “Jesus morreu
por mim, levou minhas enfermidades, foi oprimido por causa dos
meus pecados, etc.”
Alguns estudiosos
acreditam que Isaías 53 é a confissão que um dia o povo de Israel fará quando
se converter a Jesus. Bem, mas essa história de ver o fim a partir do começo,
ou olhar para o futuro como se estivesse vendo o passado tem muito mais a nos
dizer.
O grande tradutor de
antigos textos hebraicos, Rabino Adin Steinsaltz, um homem a quem a revista
americana TIME descreveu como “erudito como ele, surge um em cada milênio”
declarou certa vez que, “na Bíblia o tempo está às avessas”, e explicou que “o
futuro é sempre escrito no pretérito perfeito, e o passado é sempre escrito no
futuro do presente.” Outra declaração dele causou mais polêmica: “Talvez estejamos
nos movendo contra a corrente do tempo” (Citado por Michael Drosnin, em O CÓDIGO DA BÍBLIA,
Cultrix, 1997. Págs. 170 e 171). Ele quis dizer que as leis da física são
“simétricas no tempo”, ou seja, na linha temporal elas correm tanto para trás
quanto para a frente.
Ele afirmou ainda que
em Isaias 41.23: “Anunciai-nos as coisas que ainda hão de vir, para que
saibamos que sois deuses”, podemos traduzir estas mesmas palavras como “eles
revelaram o futuro de trás para diante”. Isso faria sentido à luz do que
estamos estudando? Claro que faz.
Mas o que essa
conversa toda tem a ver com o título deste texto? Albert Einstein disse uma
vez: “A distinção entre passado,
presente e futuro é só uma ilusão, ainda que persistente.”
PARA QUEM A BÍBLIA FOI ESCRITA?
Qualquer
pessoa poderá responder: Para toda a Humanidade, em todas as épocas. Será que
essa mesma resposta valeria se perguntássemos: Para quem foi escrito o
Apocalipse?
“Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu
para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer;
e, enviando-as pelo seu anjo, as notificou a seu servo João; o qual testificou
da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, de tudo quanto viu.
Bem-aventurado aquele que lê e bem-aventurados os que ouvem as
palavras desta profecia e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o
tempo está próximo.” (Apocalipse 1.1-3, negritos meus)
O livro das
Revelações foi dedicado à todos os servos de Jesus, portanto para a Igreja em
todas as épocas. Mas, se certos eventos, talvez a maioria das profecias só
serão cumpridas num futuro ainda distante, qual a “graça” de se estudar essas
predições hoje? Se iria demorar mais de 2000 anos até vermos o principio do
cumprimento dessas coisas, que sentido faria para os primitivos cristãos?
Temos
informações de que o Apocalipse era freqüentemente lido na Igreja Primitiva,
consolando os cristãos diante das perseguições. João, o vidente do Apocalipse
refere-se aos companheiros de martírio de sua época quando diz: “Eu, João,
irmão vosso e companheiro convosco na aflição, no reino, e na perseverança em
Jesus, estava na ilha chamada Patmos por causa da palavra de Deus e do
testemunho de Jesus.” (Apocalipse 1.9).
Certamente os
cristãos da época de João interpretavam o Apocalipse à luz da situação
político-religiosa deles. Para eles o Anticristo, a Besta era o imperador
romano. Muitas passagens de Apocalipse fazem sentido quando aplicadas ao
contexto de perseguição religiosa naqueles tempos. Mas, tendo em vista que
muitas peças proféticas não se encaixaram com os acontecimentos da época de
João, só haveria duas conclusões razoáveis: ou a interpretação popular do
Apocalipse estava errada, ou aquelas profecias apontavam para um tempo ainda
distante.
Em muitos
momentos na história do Cristianismo, houve períodos em que parecia que o
Apocalipse tinha chegado. As principais peças do quebra-cabeça profético
pareciam estar se encaixando: havia alguém parecido com o Anticristo, havia uma
organização religiosa parecida com a Babilônia de Apocalipse 17, havia alguns
conflitos políticos semelhantes aos conflitos citados no livro das Revelações,
havia algum sinal estranho nos céus, havia alguma grande catástrofe na
natureza, havia alguma perseguição contra os cristãos, etc. Mas ainda não era a
hora do Apocalipse. Pergunta-se: Mas por que muitos eventos pareciam se
encaixar com as profecias bíblicas?
Na 2.ª Guerra
Mundial, Hitler parecia preencher todos os requisitos para assumir o papel do
Anticristo. Seu ódio aos judeus se encaixava como uma luva. Mas logo depois ele
também saiu de cena e muitos cristãos, que aguardavam o breve Retorno de
Cristo, ficaram frustrados.
Mas, afinal, o
Apocalipse já se cumpriu, está se cumprindo hoje, ou somente se cumprirá
futuramente?
AS “AMOSTRAS GRÁTIS” DO APOCALIPSE
Lemos em
Apocalipse 1.19: “Escreve, pois, as coisas que tens visto, e as que são, e as
que depois destas hão de suceder.” As visões proféticas de João são
classificadas em três grupos:
a) As que tens
visto (passado);
b) As que são
(presente);
c) As que
depois destas hão de suceder (futuro).
Alguns
teólogos sugerem que as visões do passado referiam-se ao encontro de Jesus com
João no capítulo 1 do seu livro; as visões do presente teriam relação com as
mensagens enviadas às 7 Igrejas da Ásia Menor; e as visões futuristas seriam
todas a partir do capítulo 4. Parece ter sentido, mas acredito que o
significado é outro. Creio que todo o conteúdo do Apocalipse tem o seu devido
valor em todas as épocas do Cristianismo, nas três divisões do tempo. A isso
costumo chamar de principio da “amostra grátis”.
Em todas as
épocas do Cristianismo existiram igrejas com o perfil das 7 citadas em
Apocalipse, embora em cada época houvesse o predomínio de uma. Exemplo:
Atualmente podemos encontrar igrejas frias (Éfeso), perseguidas (Esmirna),
envolvidas com o Estado (Pérgamo), idólatras (Tiatira), mortas (Sardes),
avivadas (Filadélfia) e materialistas (Laodicéia), sendo que os tipos de
igrejas parecidas com Laodicéia parecem ser as mais dominantes hoje (especialmente no Ocidente, com a famigerada Teologia da Prosperidade).
Assim, a
mensagem das 7 cartas sempre foram atuais, em todas as épocas da Igreja. Várias
vezes Jesus se apresenta em Apocalipse como “Aquele que Era, que É, e
que há de vir” (Apocalipse 1.4, 8; 8.4). Até a Besta parece querer copiar
isso, pois a Bíblia diz que ela “era, não é, está para subir do abismo”
(Apocalipse 17.8).
Mas
permitam-me explicar melhor o que quero dizer com essa curiosa expressão
“amostra grátis das profecias”.
As profecias bíblicas costumam apresentar pré-cumprimentos, ou
seja, um cumprimento parcial de algo que terá de acontecer futuramente. Isto é,
uma “amostra grátis”
das coisas que ainda irão acontecer. Vejamos, resumidamente, alguns exemplos:
a) Os profetas falaram muito sobre o Dia do SENHOR, um dia
de julgamentos sobre o mundo, quando Jesus voltar. Muitas vezes, quando a nação
de Israel pecava contra Deus e era atacada por nações estrangeiras, era como se
o Dia do Senhor tivesse chegado. Quando os profetas anunciavam a chegada do fim
para Israel (Ezequiel 7), isso indicava a invasão iminente de uma poderosa
nação inimiga, mas ao mesmo tempo apontava para a pior angústia de Israel no
fim dos tempos (Sofonias 1).
b) A destruição da Babilônia de Nabucodonosor foi ao mesmo
tempo uma amostra grátis da destruição da futura Babilônia anticristã – Isaias
13; Jeremias 50 e 51; Apocalipse 18. Quando os profetas falam da queda da
Babilônia, estão apontando para a última cidade na terra, que desafiará a Deus,
antes do Retorno de Cristo. Mas o espírito dessa Babilônia rebelde tem soprado
na terra desde os tempos antigos, especialmente desde Babel. E todas as cidades
pecaminosas destruídas por Deus no decorrer da História têm sido, apenas,
amostras grátis de uma Babilônia maior. Ou seja, sombras de BABILÔNIA, A
GRANDE!
c) Antes da 1.ª Vinda de Jesus, muitos homens santos
parecidos com Ele (Moisés, Elias, João Batista, etc.) andaram na terra. Muita
gente perguntou para João Batista: “ES TU O MESSIAS?” (João 1.19-21). Eles
eram, por assim dizer, uma AMOSTRA GRÁTIS DE JESUS. A Bíblia chama isso de
“SOMBRAS DAS COISAS FUTURAS” (Colossenses 2.16-17).
d) Antes da vinda do verdadeiro Anticristo, muitos
Anticristos irão se levantar (1 João 2.18): A História comprova que a lista é
grande: Nero, Napoleão, Stalin, Hitler, Saddam Hussein, Osama Bin Laden, etc.
O livro de Daniel contém muitas profecias sobre o
Anticristo, mas que durante os séculos foram aplicadas a outros indivíduos que
pareciam demais com aquele que a Bíblia chama de “A Besta”.
Um exemplo: Em Daniel 8 fala de um “chifre pequeno” que vai
perseguir os judeus e profanar o Templo. Alguns séculos depois, surgiu um
psicopata chamado “Antíoco Epifânio”, que fez exatamente o que a profecia
falava. O que levou muitos a acreditarem (e ainda hoje tem quem acredite) que a
profecia de Daniel 8 se cumpriu totalmente no sanguinário rei da Síria. Mas no
mesmo capítulo existem expressões tais como “TEMPO DO FIM”, o que leva a
profecia para aquele período da História que costumamos chamar de FIM DOS
TEMPOS, O TEMPO DO APOCALIPSE.
Portanto, Antíoco Epifânio foi uma “amostra grátis” do
Anticristo. Na Teologia se diz que ele foi um “tipo” do Anticristo. Ninguém de
juízo normal poderá contestar isso.
e) Até o derramamento do Espírito Santo sobre os cristãos
atualmente não passa de uma “AMOSTRA GRÁTIS” do futuro derramamento, quando
Deus restaurar todas as coisas. Uma simples diferença nas palavras de Pedro, no
dia de Pentecostes, ao citar a profecia de Joel, prova isso.
Em Joel 2.28 está escrito: “Acontecerá depois que derramarei
o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão,
os vossos anciãos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões;”
Mas, o apóstolo Pedro, ao citar a profecia de Joel, disse o
seguinte: “E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu
Espírito sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas
profetizarão, os vossos mancebos terão visões, os vossos anciãos terão sonhos;”
Pedro não estava afirmando que a profecia de Joel havia se
cumprido naquele dia de Pentecostes, mas que aquilo FAZIA PARTE DO CUMPRIMENTO.
Observem:
Joel 2.28: “... derramarei O meu
Espírito sobre toda a carne...”
Pedro, citando Joel em Atos 2.17: “...derramarei DO meu Espírito sobre toda a carne...”.
Derramar O Espírito é o derramamento total; derramar DO
Espírito é um derramamento PARCIAL, pois é claro
que, nem no dia de Pentecostes de Atos 2, nem em nenhuma outra época da Igreja
Cristã, o Espírito de Deus foi derramado sobre “TODA A CARNE”.
Mas haverá um dia em que “...a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar”
(Isaias 11.9), e “... se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como
as águas cobrem o mar” (Habacuque 2.14).
f) Em Isaias 53.4 diz que Jesus “... tomou sobre si as
nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores;...”. Isso é verdade? Claro
que é. Mas, se Jesus já carregou com as nossas dores, por que ainda adoecemos e
morremos?
Apesar dessa profecia ser provocadora de muitos debates e
polêmicas, a questão pode ser bem simples: Se nosso corpo ainda está sujeito à
morte é evidente que ainda vive à mercê de toda espécie de doenças. Mas, se as
palavras de Isaías garantem que Jesus já levou nossas doenças, só existe uma
resposta convincente: Nossa vitória está garantida, mas ainda não tomamos posse
dela. Isto só acontecerá quando a morte for destruída, e nosso corpo mortal “se
revestir da imortalidade” (I Coríntios 15.54).
É como se as palavras do profeta Isaías fossem pronunciadas
por alguém vivendo nos tempos da Restauração de todas as coisas. Observe que o
profeta usa o verbo no passado: “TOMOU sobre si as nossas enfermidades, e CARREGOU com as nossas dores;” É o que alguém
contará sobre Jesus quando estivermos vivendo no Reinado Dele na terra.
O que tudo isso tem a ver com “amostra grátis”? É que
atualmente muitas pessoas são curadas, através da fé no Nome de Jesus. Mas nem
todo mundo é curado, e essas curas não impedem que a pessoa morra mais adiante,
pois são apenas “AMOSTRAS GRÁTIS” do poder de Deus sobre as doenças.
g) Quando a Igreja Cristã age realmente como a Agência de
Deus na terra, restaurando os perdidos, curando os enfermos, sarando as almas,
e edificando o mundo, está dando uma AMOSTRA GRÁTIS do que será o futuro Reino
de Deus na terra, quando Jesus voltar. Infelizmente, essa amostra grátis está
ficando muito rara em nossos dias.
CONCLUINDO...
Na época de João já havia “muitos Anticristos” (1 João
2.18), o espírito dele já soprava (1 João 4.1), o “mistério da iniqüidade” já
operava (2 Tessalonicenses 2.7) e já havia uma ameaçadora “Babilônia” (1 Pedro
5.13). Ou seja:
Cada época tem o seu rei Acabe, sua perversa rainha Jezabel
e uma testemunha de Deus tal como o profeta Elias;
Cada época tem o seu Nabucodonosor, uma imagem para ser
adorada e uma fornalha ardente para “acolher” os filhos de Deus que lutarem
contra o sistema;
Cada época tem o seu César, e uma arena para receber os
cristãos que se recusarem a adorar o imperador;
Cada época tem o seu Anticristo, a sua Babilônia, e um povo
de Deus sendo perseguido;
Um pensamento que resume e explica tudo o que vimos aqui
pertence ao famoso filósofo Lord Bacon, que disse:
“As profecias divinas floresceram e germinaram realizações
ao longo de muitas épocas, embora a altura ou plenitude delas possa pertencer a
certa época."
Sir Robert
Anderson em sua monumental obra “O Príncipe que há de vir”, citou o seguinte
parágrafo onde o pensamento de Lord Bacon é mais detalhado:
"A natureza desse
trabalho deve ser que toda profecia das Escrituras seja ordenada com o evento
que a cumpriu, em todas as épocas, para melhor confirmação da fé e para a
melhor iluminação da Igreja que estuda aquelas partes das profecias que ainda
não foram cumpridas; permitindo, porém, aquela atitude com a qual se pode
concordar e que é familiar nas profecias divinas; dada a natureza de seu Autor,
para quem mil anos são como um dia e, portanto, não são cumpridas pontualmente
de uma só vez, mas florescem e germinam cumprimentos ao longo de muitas épocas,
embora possam se referir a alguma outra época."
Bem, acredito que ficou muito claro o que quero dizer quando
falo de “AMOSTRA GRÁTIS DA PROFECIA”. Em nossos dias estão acontecendo coisas
demais relacionadas às profecias bíblicas, e muitas pessoas, apressadas, chegam
a dizer que tal profecia já se cumpriu, etc. Por exemplo, alguns acham
que os famosos Quatro Cavaleiros do Apocalipse já estão cavalgando na terra.
Parece que sim, mas como muita coisa não se encaixa ainda completamente, o que
estamos vendo atualmente podem ser apenas AS SOMBRAS desses cavaleiros sinistros. O
CONCRETO ainda virá.
Se Jesus não está preso às divisões do tempo, Ele é o mesmo
“ontem, hoje e o será eternamente” (Hebreus 13.8), “Aquele que Era, que É e que
há de vir” (Apocalipse 1.4), e se as profecias são a expressão do seu
pensamento, elas também não estão sujeitas ao tempo, mas se aplicam a todas as
épocas, ressalvando-se que um dia elas se cumprirão plenamente, e só então: “havendo
profecias, serão aniquiladas” (1 Coríntios 13.8).
O Messiânico Salmo 2.º se cumprirá plenamente quando Cristo
voltar, enfrentar os reis da Terra na Guerra de Armagedom e implantar o Seu
Reino (Apocalipse 19).
Mas em Atos 4, esse Salmo é citado pelos apóstolos e é
relacionado com a presente situação deles, diante das ameaças das autoridades
judaicas e romanas. Em nenhum momento se diz ali que a profecia do Salmo tinha
se cumprido naquela ocasião, mas foi citado porque havia semelhanças com a
situação da época, uma “amostra grátis”.
O fato é que, enquanto uma profecia bíblica não alcançar a
sua plenitude (o completo cumprimento), haverá inúmeras realizações parciais
dela.
“E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em
estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça
e a estrela da alva surja em vossos corações; sabendo primeiramente isto: que
nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia
nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus
falaram movidos pelo Espírito Santo.”
(2
Pedro 1.19-21)
Moacir R. S.
Junior – morganne777@hotmail.com